Editorial / Editorial
Ética e Profissionalismo
Ethics and Professionalism
Quando refletimos sobre as conquistas realizadas no
campo da Medicina nas últimas décadas, observamos terem
ocorrido em grande número e, muitas, com o nosso
testemunho. Entre estas conquistas, destacam-se as novas
técnicas diagnósticas, como a reação em cadeia da
polimerase (PCR), com a sua capacidade de amplificar e
detectar seqüências de DNA; a imunohistoquímica, com os
seus marcadores mono e policlonais, aumentando a
segurança diagnóstica principalmente das neoplasias
malignas; os avanços na terapêutica com drogas antivirais,
entre outras; e a identificação de novos organismos, como o
vírus da imunodeficiência humana (HIV). Graças a estas
modificações, necessitamos de tempos em tempos rever os
nossos conceitos e métodos de investigação para cada
afecção. Por outro lado, temos de preservar de uma forma
imutável um dogma - 'os princípios básicos da Medicina',
que não podem mudar e nem mudaram, nas últimas décadas.
Estes princípios são a ética e o profissionalismo, postulados
oriundos de Hipócrates (450-370 AC?) e que norteiam o
fundamento da boa prática médica desde aquela época.
No estudo da ética chamada geral, vemos que a ética
natural dos seres humanos possui duas tendências. A
personalidade é inata ao se iniciar a vida. Assim sendo, a
criança tem por natureza, um comportamento egoísta. Isto
não significa que ela tenha uma falha de caráter, ao
contrário, ela participa do instinto de auto preservação e
concorre para o seu sucesso biológico. Mais tarde, para a
grande maioria das pessoas, pode-se notar um outro
componente natural de ética. Trata-se de um sentimento de
justiça, verdadeira “lei interna da moral”.
A ética é toda ela uma só. Dependendo da origem e
do ambiente em que as normas de ética se evidenciam, estas
podem ser grupadas para facilitar o estudo. Óbvio que tais
grupos não tem limites precisos. Como parâmetros destes
dois grupos citamos a ética natural e a ética profissional. A
ética profissional é aquela que orienta as ações humanas
para a meta da profissão. Ela se sobrepõe e complementa a
ética natural. Mas não a substitui nem a destrói. As
tendências para o egoísmo, ainda que não sejam muito
ostensivas, continuarão sempre existindo nas pessoas.
Estarão presentes no íntimo de quaisquer indivíduos e
continuarão a integrar tanto a personalidade dos pacientes
como a dos médicos.
O profissionalismo está muito próximo da ética. Em
termos gerais, a ética pode ser considerada a ciência do
dever moral, o ideal do caráter e da ação humana. Assim
An bras Dermatol, Rio de Janeiro, 75(3):257-258, maio/jun. 2000.
257
When we reflect on the accomplishments
of Medicine over the past decades, we observe
that there have been many. Among these are new
diagnosis techniques using polymerase chain reaction
(PCR), with its capacity to amplify and detect
DNA sequences; immunohistochemistry, with its mono
and polyclonal markers, which improve diagnostic
safety, especially regarding malignant neoplasias;
the advancements in antiviral drug therapy, among
others; and the identification of new organisms, such
as the human immunodeficiency virus (HIV).
Considering these modifications, we need to review
from time to time the new concepts and investigative
methods relevant to each disease. On the other
hand, we must preserve as an immutable form a
dogma-"the basic principles of Medicine"- that cannot
and have not been altered in the last decades.
These principles are ethics and professionalism,
postulates that originated from Hypocrites
(450-370 BC) and have since guided the basis of good
medical practices.
In the general study of the ethics, we observe
that the natural ethics of human beings have three
tendencies. The personality is innate at the beginning of
life, therefore, the child is naturally selfish. This does
not mean that the child has a character flaw; on the
contrary, it is a self-preservation instinct necessary for
biological success. Later, for the majority of people,
another component of natural ethics develops, a true
sense of justice or "internal moral law."
Ethics are all one. Depending on the origin
and the environment in which ethical norms are
observed, they can be grouped to facilitate their study.
Obviously, these groups have no precise boundaries.
As parameters of these two groups, we mention
natural ethics and professional ethics. Professional
ethics directs human actions in professional goals,
and overlaps and complements natural ethics, but does
not substitute or destroy it. Selfish tendencies, though
not very ostensive, will remain. They will be present
in the inner part of any individual and will continue
to integrate the personality of both patients and
doctors.
Professionalism is very close to ethics. In general
terms, ethics can be considered the science of moral
obligation, the ideal of the character and of human
258
An bras Dermatol, Rio de Janeiro, 75(3):257-258, maio/jun. 2000.
action. Therefore, ethics and morality are united, and it
can be said that ethics is the science of morality, and that
morality is the practice of ethics.
Ethical principles and medical ethics must be
seen as behavior standards according to the moral
patterns of a society; they are basically the goal of
universal rules of moral behavior, considering the behavior
of colleagues, particularly in the same specialty, and
especially their medical behavior when practicing
Medicine.
Medical ethics is not a law in the legal sense, but
it is a standard of behavior that we are obliged not
avoid; in this way, we will not be led to mediocrity or to
faults. As doctors, we must always consider our
patients' interests first, respecting our colleagues.
It is satisfying to see surge of new accomplishments,
and in this way, we are able improve the quality of our
services to our patients. These accomplishments must be
based on the medical ethics established long ago, since
they are the basis of our professionalism and give us
the privilege as doctors to care for our patients without
the distraction of an easy profit.
estão unidas a ética e a moral, e pode-se dizer que a ética é
a ciência da moralidade, e a moralidade é a prática da ética.
Os princípios éticos e a ética médica devem ser
vistos como padrões de conduta, de acordo com os padrões
morais de uma sociedade. Eles são basicamente o alvo das
normas universais do comportamento moral, do
comportamento entre os colegas em particular da mesma
especialidade, e principalmente do comportamento do
médico no pleno exercício da Medicina.
A ética médica não é uma lei no sentido legal, mas
ela é um padrão de conduta que obrigatoriamente não
devemos nos esquivar, para não cairmos na mediocridade
nem nas faltas. Como médicos devemos sempre colocar os
interesses dos nossos pacientes como primeira opção,
respeitando os nossos colegas.
Ficamos satisfeitos quando novas conquistas surgem
e com isso melhoramos a qualidade do serviço que nós
provemos aos nossos pacientes. Essas conquistas devem ser
fundamentadas na ética médica, há muito estabelecida, que
são a base do nosso profissionalismo, e que nos concedem
o privilégio de, como médicos, podermos tratar nossos
pacientes, sem a distração do lucro fácil.
REFERÊNCIAS / REFERENCES
1. Almeida AO. Ética médica, Ética teleológica. O embasamento
filosófico da ética profissional. VIII Congresso Nacional das
Santas Casas e Hospitais Filantrópicos. Belo Horizonte, 1994.
2. Katsambas AD, Katoulis AC. Dermatology in the next
millenium: new hopes. Int J Dermatol 1999;38:509-510.
Marcio Santos Rutowitsch
Editor-Associado / Associated Editor
3. Ritt A. Dermatology in the new millenium. Dermatology
Insights 2000;1:6-8.
4. Webster SB. Professionalism and medical ethics in
dermatology-2000. Arch Dermatol 2000;136(1):101-2.
Nenhum comentário:
Postar um comentário