terça-feira, 6 de julho de 2010

Aids na gravidez




Você se assustou com a notícia de que a vacina contra gripe suína pode dar um “falso positivo” para o HIV? Saiba que não é preciso se alarmar. Confira, também, um tira-dúvidas sobre os principais pontos que envolvem a doença na gestação
Simone Tint
A notícia de que a vacina contra o vírus da gripe H1N1 pode indicar um “falso positivo” para HIV assustou muita gente na última semana – principalmente as grávidas, já que esse é um dos exames realizados no pré-natal. No entanto, não é motivo para pânico. Segundo informou o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, esses casos são raros e podem acontecer em até 30 dias após a vacinação. O motivo é que o imunizante contra a gripe aumenta a produção de um anticorpo no organismo, chamado igM, que pode provocar essa alteração no resultado.

As grávidas não precisam se alarmar.“O primeiro passo é falar com o médico que a acompanha e já pedir uma nova coleta de sangue, o que pode ser feito imediatamente", diz Durval Costa, infectologista do Nupaig, núcleo da Unifesp especializado em patologias infecciosas na gravidez. O especialista alerta, ainda, que durante a gravidez, independente da vacina, a mulher tode ter um resultado falso positivo. "Isso não quer dizer que a gestante tenha a doença. Os hormônios que são liberados durante a gravidez podem, sim, alterar resultados de outros exames – e não só para HIV -, mas para outros, como o de sífilis", afirma.

Avanços da medicina
Ainda que a gestante tenha o vírus HIV, isso não quer dizer que o bebê também vai nascer com a doença. Para isso, é preciso ter um acompanhamento rigoroso durante os nove meses. Segundo Durval, das 600 gestações acompanhadas pelo Nupaig nos últimos dez anos, em apenas quatro ocorreu a transmissão do vírus de mãe para filho - sendo que a última foi em 2004. Abaixo, preparamos um tira-dúvidas sobre gestação e vírus HIV. Confira:
Quando a mulher grávida deve fazer o exame para detectar HIV?
O ideal é que o exame seja feito ainda no primeiro trimestre da gravidez. A exceção, é claro, fica para as mulheres que descobrem estar grávidas a partir do quarto mês, por exemplo. De qualquer maneira, o teste deve ser refeito no último trimestre – mesmo que o primeiro tenha sido negativo. O exame consiste em uma sorologia que vai detectar não apenas o HIV, mas também sífilis, toxoplasmose, rubéola e citomegalovírus. Todos esses são garantidos gratuitamente para as gestantes. No caso de HIV são dois exames diferentes: o Elisa (que procura no sangue do indivíduo os anticorpos que, naturalmente, o corpo desenvolve em resposta à infecção pelo HIV) e o Western Blot, que é mais sensível e define, com precisão, a presença de anticorpos anti-HIV no sangue. No entanto, como é mais complicado e exige condições técnicas mais avançadas, só é utilizado como confirmação do Elisa.
Como deve ser o pré-natal da mulher que já sabe que tem o HIV?
Ela deve tomar o antiretroviral durante toda a gestação, mesmo que nunca tenha precisado do remédio anteriormente. Isso deve ser feito para diminuir os riscos de transmitir o vírus para o bebê. O parto é o momento de maior risco de transmissão, já que é quando há contato entre o sangue da mãe e do filho. Nesse momento, a mulher também deve tomar o AZT pela veia e o bebê, durante as primeiras 6 semanas de vida, também precisa tomar um xarope do mesmo medicamento. Isso faz com que o risco de o bebê contrair o vírus fique abaixo de 1%.
 
A mulher com HIV pode amamentar?
Não. O leite materno é um dos transmissores do vírus, mesmo para aquelas mulheres que tomaram todos os cuidados durante a gestação e o parto. Uma recomendação dos médicos, inclusive, é que a mulher tome um remédio para inibir a produção de leite depois que o bebê nasce.
Uma pesquisa divulgou que as gestantes têm mais risco de contrair e transmitir o HIV para seus parceiros. Isso realmente pode acontecer?
Durante a gravidez a mulher tem alterações naturais em sua imunidade. Com isso, ela poderia, sim, ter mais chances de contrair o HIV, assim como ela apresenta mais problemas dermatológicos, por exemplo. No entanto, são necessários mais estudos para comprovar e quantificar esse risco.

Fonte:Durval Costa, infectologista do Nupaig, núcleo da Unifesp especializado em patologias infecciosas na gravidez e site do Ministério da Saúde
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário